Correr em jejum faz bem? Entenda essa prática polêmica

Enquanto alguns estudos defendem que correr em jejum emagrece, outros refutam a prática. Em quem acreditar? Veja argumentos a favor e contra.

Correr em jejum emagrece? Faz mal? A prática – chamada academicamente de Aeróbico Em Jejum (AEJ) – é tão popular quanto polêmica. Enquanto alguns cientistas defendem que, quando feita com alguns cuidados, a corrida em jejum ajuda a emagrecer, outros a reprovam. Entenda.

Correr em jejum emagrece?

“Os dados encontrados na literatura não são muito consistentes”, diz Vanessa Branco, professora de corrida da academia Bodytech JK Iguatemi. Alguns estudos, por exemplo, apontam que o aeróbico em jejum propicia uma maior quebra de reservas de gordura dentro dos músculos, melhora a sensibilidade insulínica – prevenindo o diabetes – e aumenta a quantidade de mitocôndrias nas células musculares, o que melhoraria o desempenho dos músculos em última instância.

“Porém a maior parte dos artigos científicos apontam que a redução da gordura corporal usada no exercício físico em jejum é inexpressiva. E, quando ele é intenso e prolongado, aumenta o hormônio do estresse – o cortisol – aumenta a fadiga, diminui a performance do treino e o glicogênio muscular, que é a fonte de energia”, aponta a nutricionista Juliane Ruiz, da academia Bodytech Vila Olímpia.

Resumidamente, ainda faltam muitos estudos para aprovar ou condenar o AEJ. “Não existem comprovações científicas suficientes para sustentar a prática da corrida em jejum, mas também não temos provas diretas para condenar totalmente esse protocolo”, acrescenta Branco.

Correr em jejum faz mal?

“Os riscos dessa prática são diversos, desde uma simples tontura e desmaios a uma fratura ou lesões corporais graves por conta de quedas decorrentes”, resume o educador físico Dinei Siqueira, da academia Bodytech Eldorado, e coach da Seven Runners.

Lembre-se de que a alimentação pré-treino serve de combustível para o exercício. Assim, quando você corre em jejum, cria uma série de reações adversas no seu corpo. A princípio, surge a fadiga. Depois, pode vir a hipoglicemia, que é a queda da glicose no sangue – a responsável por náuseas e até desmaios.

Há, ainda, o aumento significativo dos níveis de cortisol, como alguns estudos apontaram. Este hormônio é catabólico e estimula o uso de proteínas como fonte energética. A lógica é simples: diante da falta de combustível, o corpo busca fontes alternativas de energia. E a fonte de energia mais “fácil” e “disponível” é a proteína do músculo, sendo a gordura a última a ser utilizada.

“Já o indivíduo que come antes do treino de corrida mantém a sua massa muscular, melhora a performance e rendimento. Se ele fizer as outras refeições corretamente, terá a recuperação muscular adequada para os próximos treinos”, argumenta Ruiz.

Quero correr em jejum, e agora?

Se mesmo assim você quiser arriscar, faça uma avaliação completa e tenha ao seu lado um bom educador físico ou coach de corrida, assim como um profissional de nutrição – juntos, eles trabalharão para minimizar alguns riscos, como a oscilação hormonal e a hipoglicemia.

“Este tipo de treino não deve ser feito por qualquer pessoa, uma vez que o limiar glicêmico em jejum é muito baixo e a possibilidade de entrar em estado de hipoglicemia é grande. Se esta estratégia for utilizada, não deve ultrapassar o limite de segurança de 40 minutos de atividade em jejum”, finaliza Siqueira.

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Referências

De Bock, K. et al. Exercise In The Fasted State Facilitates Fibre Type-Specific Intramyocellular Lipid Breakdown And Stimulates Glycogen Resynthesis In Humans. Journal of Physiology, v. 564, n. 2, p. 649-660, 2005.

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